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Ely Leal

Bruno Henrique, do Flamengo, é alvo de operação após investigação apontar manipulação em jogo

De acordo com investigação, jogador do Flamengo agiu para receber cartões de propósito em disputa contra o Santos e beneficiar familiares em apostas esportivas

Uma operação deflagrada na manhã desta terça-feira (5) mira o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, pelo envolvimento na manipulação de jogos com o objetivo de ganhar apostas esportivas.

Conforme apuração, existem provas de que Bruno Henrique “agiu deliberadamente” durante uma disputa contra o Santos, em 1 de novembro de 2023, para ser punido pelo árbitro com um cartão visando possibilitar que familiares, que estavam cientes dessa intenção com antecedência, ganhassem dinheiro por meio de apostas esportivas.

Na ocasião, o Santos conseguiu a vitória sobre o Flamengo, por 2 a 1, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro, disputada no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.


Entenda a operação que tem Bruno Henrique como alvo

Na operação de hoje, seis promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (Gaeco-MPDFT) e mais de 50 policiais federais da Coordenação de Repressão à Corrupção da Polícia Federal (PF) cumprem 12 mandados de busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Vespasiano (MG), Lagoa Santa (MG) e Ribeirão das Neves (MG).

Além do atleta, são alvos Wander Nunes Pinto Junior, irmão de Bruno Henrique; Ludymilla Araujo Lima, cunhada dele; Poliana Ester Nunes Cardoso, prima do jogador; o casal Claudinei Vitor Mosquete Bassan e Rafaela Cristina; e Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Douglas Ribeiro Pina Barcelos e Max Evangelista Amorim, todos residentes em Belo Horizonte, que é a cidade natal de Bruno Henrique, e que tem algum vínculo com o mundo do futebol como ex-jogadores ou como jogadores amadores de futebol.

Os mandados são cumpridos na residência de todos os investigados, incluindo a casa de Bruno Henrique, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, na sede única das empresas DR3 – CONSULTORIA ESPORTIVA LTDA e da BH27 OFICIAL LTDA, que têm o atleta como sócio, em Lagoa Santa (MG), e no quarto de Bruno Henrique no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu.

Nos cinco minutos de acréscimo do segundo tempo da partida contra o Santos, segundo a súmula da partida, Bruno Henrique levou primeiro um cartão amarelo por acertar um adversário na disputa da bola e, logo na sequência, recebeu o cartão vermelho por ofender o árbitro.

Segundo informações, sabendo que o jogador provocaria ao menos um dos cartões, seu irmão, cunhada e prima criaram, na véspera da partida, contas em casas de aposta virtual e realizaram palpites focando especificamente na punição do atleta, obtendo, assim, ganhos indevidos. Esse mesmo padrão de apostas dirigidas à perspectiva de que Bruno Henrique receberia um cartão durante a partida realizada em Brasília foi identificado nas contas dos outros seis investigados.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) chegou a produzir um comunicado com relatórios que indicavam um volume incomum e uma concentração de apostas realizadas em algumas plataformas prevendo que Bruno Henrique receberia um cartão durante a partida com o Santos.

Conforme apuração, o histórico do atacante nos dois anos anteriores mostrava que a perspectiva de punição dele durante disputas era na casa de 20%, considerando a frequência com a qual ele era punido. No entanto, em ao menos duas casas de apostas, houve uma predileção em torno de 90% pelo palpite da punição do atleta, o que indicava o conhecimento prévio dos apostadores quanto a ocorrência daquele evento.

Os comunicados da CBF também informavam que algumas das contas dos usuários eram muito recentes, algumas abertas na véspera da partida, e que realizavam uma única aposta, com valores máximos, justamente na possibilidade de Bruno Henrique ser punido com cartão.

Após o recebimento das informações, investigadores conseguiram identificar os nomes dos titulares das contas beneficiadas.

Os mandados de buscas e apreensões foram autorizados pela 7ª Vara Criminal de Brasília e, de acordo com informações preliminares, resultaram na apreensão de aparelhos celulares, computadores e outros itens pessoais pertencentes aos investigados.

A operação foi batizada de SPOT-FIXING, que é uma expressão inglesa que se refere à manipulação de um aspecto específico de um jogo, não relacionado ao resultado final, sobre o qual existe um mercado de apostas.

Bruno Henrique e todos os demais suspeitos podem responder por crimes previstos na Lei Geral do Esporte, que dizem respeito à fraude da partida e à corrupção passiva e ativa esportiva. Eles ainda podem ser acusados pela prática do crime de lavagem de dinheiro e, se outras manipulações forem identificadas, pelo crime de associação ou organização criminosa.

A operação conduzida pelo GAECO/MPDFT e pela Polícia Federal conta com o apoio do GAECO do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e do GAECO do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

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