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Ely Leal

Documentos desmentem versão de Lula sobre calote da Venezuela

Presidente acusou Bolsonaro pela falta de pagamento de empréstimos do BNDES por 'países amigos

'Informações do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e documentos já tornados públicos pelo jornal O Globo, no ano passado, desmentem a versão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o governo de Jair Bolsonaro é responsável pelo calote da Venezuela e de Cuba, que deixaram de pagar financiamentos obtidos com o banco estatal.

Juntas, as ditaduras de Cuba e Venezuela obtiveram, nos governos petistas de Dilma Rousseff e de Lula, entre 2003 e 2016, financiamento para obras no montante de quase US$ 2,2 bilhões. A verba foi usada para o Porto de Mariel, em Cuba, e para o metrô de Caracas, entre outras. Mas os governos amigos de Lula deram calote, e o Brasil deixou de receber, até agora, mais de US$ 900 milhões — valor nominal, não atualizado com juros e eventuais multas contratuais.

Apesar disso, Lula tentou culpar o governo de Jair Bolsonaro (PL) pelo calote. Na posse do novo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, na segunda-feira 6, o presidente declarou: “Os países que não pagaram, seja Cuba ou Venezuela, é porque o presidente [Bolsonaro] resolveu cortar as relações com eles para não cobrar e poder ficar nos acusando”, disse o chefe do Executivo, acrescentando que, agora, “esses países vão pagar, porque são todos países amigos do Brasil”.

O BNDES informa que a inadimplência da Venezuela começou em 2017, antes de Bolsonaro assumir, em 2019. Além disso, em dezembro, o blog de Malu Gaspar, do jornal O Globo, mostrou documentos que comprovam que Bolsonaro, apesar do rompimento das relações com o governo de Nicolás Maduro, manteve as cobranças, enviadas a Juan Guaidó, reconhecido pelo Brasil, pelos Estados Unidos e por diversos países como presidente venezuelano.

As cartas de cobrança, segundo a coluna, foram enviadas à representação da Venezuela no Brasil, pela Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia. Apesar disso, a Venezuela nada pagou.

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